
Se você ainda não assistiu ao musical Dreamgirls, essa é a hora. O espetáculo — um dos maiores sucessos da Broadway — se despede do Teatro Santander, em São Paulo, no dia 30 de novembro, depois de uma temporada de casa cheia desde julho.
A história, ambientada nos Estados Unidos dos anos 1960, acompanha um trio de cantoras negras tentando alcançar o estrelato em uma indústria ainda dominada por homens brancos. Inspirado em grupos como The Supremes e no surgimento da Motown, Dreamgirls fala sobre talento, ambição, racismo, desigualdade de gênero e o preço da fama — temas que, décadas depois, continuam atuais.
Em cena, Samantha Schmütz, Letícia Soares e Laura Castro formam as The Dreams com química impressionante e vozes potentes. A força das interpretações é o coração do espetáculo, equilibrando emoção e técnica em performances que arrepiam. Nos papéis masculinos, Toni Garrido e Robson Nunes se revezam como o empresário Curtis Taylor Jr., e Reynaldo Machado rouba a cena como Jimmy Early, personagem inspirado em nomes lendários do R&B como James Brown e Little Richard.
O musical brilha também pelo cuidado estético: figurinos exuberantes, luzes precisas, orquestra ao vivo e uma encenação que não tenta copiar a Broadway, mas traduz a energia de Dreamgirls para o palco brasileiro. A direção de Gustavo Barchilon acerta ao destacar o peso simbólico de ver uma história sobre artistas negros contada por um elenco majoritariamente negro, algo ainda raro nos palcos nacionais.
Mais do que um espetáculo sobre fama, Dreamgirls é sobre identidade, resistência e o poder da arte de ocupar espaços. E assistir a isso acontecer, ao vivo, é entender por que o público se levanta aplaudindo a cada sessão.
Em cartaz até 30 de novembro, no Teatro Santander, em São Paulo. Ingressos disponíveis na Sympla
