The End of The F***ing World | Série com humor negro e personagens problemáticos é o primeiro sucesso do ano na Netflix

“Não romantizem relacionamento abusivo” é a frase que, ao longo do ano de 2017, nos acostumamos a ouvir e ler em todas as redes sociais por aí. Mas, parece que a Channel 4 e a Netflix não se importaram muito com isso ao produzir a série The End Of The F***ing World que chegou ao catálogo no início da última semana, mas não erraram nisso. Entenda!

Estava flauteando pelo Facebook e me deparei com o post de uma amiga falando absurdos sobre a nova série da Netflix The End Of The F***ing World. Ela dizia que estava incomodada assistindo a série, porque fizeram questão de romantizar um relacionamento abusivo e que isso era horrível. E é mesmo. Mas, movido pela curiosidade, fui procurar a série para assistir e não me arrependi.

Baseada nos quadrinhos de Charles Forsman, James e Alyssa são dois adolescentes de 17 anos com diversos problemas psicossociais e de sociopatia. Ele tem o desejo de matar uma pessoa. Ela tem problemas de relacionamento e mostra diversos transtornos, como o de bipolaridade, principalmente.

Como que por ironia do destino, eles se unem em “sua própria loucura” e decidem fugir de suas vidas chatas ao lado de suas famílias.

James mora com o pai, um cara que tenta disfarçar sua solidão e depressão com uma alegria exacerbada, após o suicídio da esposa. Alyssa vive com a mãe, o padrasto e dois irmão gêmeos que ainda são bebês, porém é tratada como empregada doméstica e não recebe nenhum carinho e atenção.

Isso desencadeia uma série de acontecimentos absurdos: eles fogem, roubam, invadem residências e o ápice da série é o assassinato de um homem que tentaria abusar sexualmente de Alyssa. De início, dentro dos primeiros episódios (todos são bem curtinhos, com 20 minutos de duração) eu consegui sentir o mesmo asco que minha amiga do Facebook. Eles eram pessoas desprezíveis.

Mas, como a série abusa de um humor negro e ácido, bem típico das séries britânicas, não demorou muito para que eu começasse a gostar dos nossos dois protagonistas meliantes. É assustador passear pela mente doentia desses dois jovens, mas conforme os personagens vão sendo desconstruídos, nós entendemos mais sobre suas motivações e como suas famílias disfuncionais deixaram eles totalmente piradinhos.

A produção não exalta o relacionamento abusivo, ou a vontade de matar Alyssa que James sente, ou a bipolaridade irritante da garota (embora os flashbacks constantes e sangrentos da mente de James e de Alyssa sejam muito presentes) mas sim na busca por algo mais que eles sentem que precisam encontrar.

Em vez de contar a história como um drama, Forsman prefere criar uma comédia divertida,  politicamente incorreta e totalmente irreverente. Algumas pessoas podem não gostar da série justamente por causa desse tipo de humor.

O maior acerto da série está em seu casal protagonista. Jessica Barden (‘Penny Dreadful‘) dá um espetáculo de atuação como Alyssa, e consegue transmitir de maneira sensacional os dilemas que a personagem está passando Alex Lawther (‘Black Mirror’) é igualmente brilhante como James, apesar de seu personagem ser mais contido.

A trilha sonora com batidas melodramáticas é quase um personagem do filme, e auxilia na belíssima fotografia enquanto vemos planos abertos que parecem pinturas… Os belos cenários contrastam com a maneira feia como esses protagonistas enxergam o mundo, repletos de sentimentos negativos que eles estão aprendendo a digerir enquanto se transformam em pessoas melhores.

Com apenas 8 episódios, ‘The End of The F***ing World’ traz uma minuciosa análise do ser humano e consegue te conquistar com um humor negro e áspero, que contrasta com a triste história de seus protagonistas. É uma série corajosa, irreverente, bem humorada e pervertida. Se você é fã de um humor politicamente incorreto, é um prato cheio.

Lá no final, a série deixa um gostinho de quero mais com pontas soltas que nos deixam extremamente ansiosos para a segunda temporada.

Veja o trailer aqui

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