Sempre deixamos uma história para alguém contar



Eu fui alfabetizado aos cinco anos de idade, nesta idade eu já sabia ler e escrever, coisa que meus colegas conseguiram fazer anos depois. Enquanto alguns estavam se familiarizando com a língua portuguesa, eu já estava bem avançado aprendendo meu segundo idioma: o inglês que, hoje, falo com fluência. 


Lembro como se fosse hoje do primeiro livro que li: “A Renúncia de um Amor”, de Barbara Cartland, é um drama-romance que conta a história de um belo e clichê triângulo amoroso proíbido e que, como sempre, acaba em tragédia, corações partidos, ódio… Li este livro de 132 páginas aos nove anos de idade, demorei semanas e semanas para concluir a leitura, mas concluí. Logo depois, por gostar muito dos filmes já lançados, e também com um pouco mais de prática e mais velho, arrisquei a leitura da minha primeira e favorita série: Harry Potter. 

Lógico, nascido em uma família humilde, mas que estavam dispostos a tudo e mais um pouco para me fazer ter uma educação de qualidade, para ter um futuro melhor, fui encorajado por meus pais. Muitas vezes até de forma rude, era castigado caso tirasse notas baixas, mas sempre tive tudo o que quis como recompensa. Enquanto via os meus colegas desleixados, sem perspectivas, sem uma visão do que seria do futuro, afinal crianças não devem pensar no futuro, mas eu pensava. 

Decidi ser jornalista aos 10 anos, quando uma professora do quarto ano perguntou o que eu queria ser quando crescesse, eu respondi: “Eu quero ser jornalista”. Com todas as letras, vogais e consoantes. Uma amiga fica perplexa ao se lembrar desta época e ver como eu fui determinado a realizar esse sonho. Eu sempre quis brilhar, me sobressair na multidão. Hoje eu entendo o porquê da escolha. 

Ser apaixonado por livros, me fez ser apaixonado por histórias, que me fez ser apaixonado por pessoas, simplesmente pelo fato de pessoas serem e fazerem história o tempo todo. Cada uma é única, isso é mágico. 

Sempre que termino um livro ou uma reportagem, eu me sinto um vencedor, sabe?! Consegui chegar ao fim de uma história. Fim de um ciclo. Cada livro que leio aumenta minha inteligência, minha noção de mundo, meu caráter, sentimentos. É impossível não se envolver com os personagens e seus medos, prazeres, sentimentos como se fossem parte da sua vida. Parece loucura o que estou falando, mas decidi ser jornalista por isso, tenho paixão pelas histórias, pela história das pessoas, por fazer parte e de poder contar essas histórias. Me sinto extremamente feliz quando consigo ajudar alguém a entender sua própria história, a se entender como pessoa. Recebo diariamente dezenas de agradecimentos no facebook por causa de alguns posts. 

Histórias são o que nos fazem permanecer vivos. Todos temos uma. Escrevemos um pouco a cada dia. Tem seus momentos bons, ruins, suspenses, alegrias, tristezas. Mas no fim acontece sempre o que deveria acontecer. A vida é como um livro, um dia é uma página, um ano é um cápitulo. As vidas bem vividas são as séries, vários livros de uma mesma história que, tocou alguém em algum ponto, machucou e foi machucado em outra. Faz parte. Mas uma coisa é certa, todos nascemos, crescemos e morremos, mas sempre, sempre, deixamos uma história para alguém contar.

Por. Lucas Nascimento
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