Se faltasse fé no amor, se faltasse o coração pedindo pra bater mais forte por alguém, se faltasse esse querer ser dois, o Tinder não teria tantos usuários até hoje. Nem o Hornet ou nada do tipo. Se faltasse mesmo amor, se fosse todo mundo tão coração de gelo quanto se esforça pra parecer, App de relacionamento não seria um mercado sempre quente e promissor.
As páginas no Facebook estilo “me apaixonei no ônibus, me ajudem a achar a pessoa” ou aquelas “Spotted faculdade X” que mandavam indiretas e declarações anônimas, não seriam sucesso instantâneo. Se a galera fosse mesmo todo esse desapego e “I don’t care” que tanto falam, não seriam virais todas as publicações de alguém que conheceu outro alguém numa festa, se apaixonou, não deu pra pegar contato e precisa de ajuda e mobilização geral pra achar.
A verdade é que a gente até se esforça pra manter a linha blasé e mega ultra power autossuficiente, mas estamos o tempo todo dando uma forcinha pro amor nos encontrar. Ajudando o cupido a ajudar a gente, sabe? Acho App de relacionamento péssimo e superficial, mas vai que quem precisa me encontrar mora longe e eu ando saindo tão pouco. Vou deixar o chat online, vai que alguém importante resolve falar. Não tô afim de sair hoje, mas nesse evento vai uma galera tão a minha cara e me falaram que são nessas noites que a gente não tá no clima que a vida acontece e surpreende. Vou dispensar o carinha na balada de um jeito simpático, vai que… O cara tá por aqui, vê e me acha nojento, Deus me livre.
A gente se importa muuuuito mais do que parece e do que queria. E todos os compartilhamentos, comentários e interações nesses casos “achei meu amor na balada, alguém conhece essa pessoa?” são muito mais que fé no amor: são joelhos dobrados, oração feita baixinha, e quase despercebida, pelo coração. A gente projeta na história dos outros nossa última (cansada, mas imortal) esperança. Então como é que tá faltando amor num mundo onde tudo que envolve ele explode, derrama, viraliza? Como é que falta amor, se a geração mais desapegada do mundo pode botar a banca que for, que no fim das contas tenta, re-tenta e quebra a cara quantas vezes preciso for? Pensou, né?
Falta amar. Falta orgulho no bolso, cara a tapa, menos joguinho e mais corpo jogado. Falta paciência. Muito textão sim, muita DR, muito tudo escancarado na mesa e não preso na garganta até sufocar. Falta perseverar. Falta ceder, falta saber quando vale a pena lutar e quando o melhor é “perder”. Falta colar na testa que nunca perde quem tem amor pra dar. E falta a gente se amar muito, se amar tanto que vamos precisar de um parceiro pra dividir e não completar.
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