Verossímeis devaneios
Numa dessas noites enfadonhas
em que ar não é raro nem causa nenhum efeito
constelações se alinharam como numa assembleia extraordinária
Deliberaram, que o que era pra ser, tinha que acontecer
Ali nos céus, cá na terra, agora, entre nós
E por falar em nós
faço uma petição ao conselho estelar que deu-nos o aval: não permitam
nós
laços
tampouco, amarrar entre essas almas que diante da lua orquestrada por vós
calam-se
emudecem
Que o nosso ir e vir seja um voto facultativo e de bom grado!
Que seja sempre leve e por falar nisso – leve-me em teus abraços
Sabe, a vida é boa! Foi tua boca que proferiu tal sentença
e só de lembrar tua pupila semi-dilatada, cálida e congruente
nem por teimosia ousaria discordar
Sim, a vida é boa! E se faz ainda melhor quando teu sorriso funde-se ao meu
Ainda bem que a gente não conta a intensidade de nossa coexistência pela cronologia convencional
seria deveras incoerência imaginar que almas pudessem ser quantificadas
quiçá momentos
Não consigo pensar muito no ontem – a memória falha vez em sempre
Do amanhã eu só peço luz, porque hoje eu preciso agradecer o presente
que com todo respeito a ti
e com todo o meu bel-prazer
desembrulho
no escuro
Teu olhar