Sim, eu odeio despedidas. Eu odeio dizer adeus a algo ou a alguém. Talvez, por algum trauma de infância. Talvez, por ser fã da chegada, da inserção, do nascimento. Na verdade, sou fã do apego. Apego-me a um sorriso. Apego-me a um “bom dia”, dado pela mesma pessoa em todas as manhãs. Apego-me a uma memória nostálgica…

Alguns podem dizer que é possessividade, mas eu acredito que é um dos fatores, que pode acarretar em amor. Não a possessividade, senão a afeição.
Outros diriam que estou fazendo papel de trouxa. Mas se eu guardo ou me afeiçoo a alguma coisa ou a alguém pode significar que eu me importo e cuido de preservar o quer que seja, em minha mente e em meu coração.
Eu costumo guardar datas – antes sem valor –, sorrisos laterais bobos e, acima das fotos, costumo guardar momentos. Quando viver mais uma despedida, eles podem me dar saudações com semblante de alegria. Fotos são apagadas; momentos, não. Os bens materiais e virtuais são grãos de areia na praia, onde o tempo é o mar e as horas são as ondas. Os bens, que não podemos tocar ou modificar, são tão sólidos quanto rochas.
Eu também costumo odiar finais, por mais felizes que sejam. Finais terminam períodos; terminam ciclos, que para alguns possuem nenhuma significância, e para outros, possui muita. Isso assusta. Isso me assusta.
Confesso que passo dias, criando métodos para prolongar o “oi”, contudo nunca consigo obter êxito. No meio do trajeto, todo o projeto é furtado pelo “adeus”.
Às vezes, eu ponho a culpa sobre mim. “Fui negligente!”. Logo, não me resta outra alternativa, a não ser gravar as fitas dos “oi” do passado por cima das fitas dos “adeus” do presente, que, por ironia, termina com duas palavras e resume tudo: “Boa sorte!”. Olhando para a telona estrelada chamada céu, eu diria “Bom filme!”.
