
Ela ainda faz algumas confissões sobre esse mundo tão criticado e misterioso.
“Chega uma hora que a prostituição se torna um vício, igualzinho a droga. Você acaba se iludindo com o glamour e a fama. Eu era muito conhecida, fazia várias viagens com homens ricos e poderosos: políticos, advogados, professores, médicos. Ganhava vários presentes caros. Mas ela sempre termina por acabar com a vida da garota. Muitas sonham em casar, constituir família, ser mãe, mas lá a gente só servia mesmo pra ser usada e depois jogada fora.”
Com 18 anos ela foi vítima de uma tentativa de estupro. Quase morreu, mas conseguiu escapar. “Eu estava resistindo muito pra ele não me estuprar. Ele me batia, me mordeu muito, de arrancar pedaço da roupa e da carne. Com raiva ele tirou o revólver do bolso e disse ‘Eu sempre como antes de matar. Mas você vai ser a primeira que eu vou matar pra depois comer’. Ele ia enfiar a arma na minha boca, quando eu tirei forças, não sei de onde, e bati na mão nele. O tiro foi pra cima. Rapidamente, peguei nos testículos dele e apertei. Ele gritou de dor, consegui imobilizá-lo. Foi Deus.”, ela afirma.
Com 19 anos veio o primeiro filho. Não sabe quem é o pai. Para poder ter o bebê ela foi obrigada a casar para manter o bom nome da família. Um cara de São Paulo, com quem teve um relacionamento muito conturbado. Engravidou de novo, dessa vez nasceu uma menina. Ela teria outro menino, mas, por conta das agressões que sofria durante a gravidez, a criança nasceu prematuramente e morreu. O marido não aguentou a pressão e ameaças dos chefes da quadrilha, então voltou para São Paulo.
Com o tempo as doenças foram surgindo na vida de Edileuza. Primeiro a depressão, que trazia o sentimento de vazio, um buraco no peito que nada preenchia. “Vivia chorando pelos cantos, não dormia, me mutilava e bebia sem parar. Carregava uma garrafa de pinga na bolsa que ia tomando durante o dia. Eu ficava o tempo todo pensando em como sair da vida de prostituta, mas não conseguia nenhuma solução. Tentei o suicídio 3 vezes. Depois, com 21 anos, descobri que tinha câncer na garganta, devido ao alcoolismo. Decidi então ir para São Paulo tentar tratamento e encontra meu ex-marido”.
Foram 4 anos de mais dor.
Humilhação e agressões do ex. Definhando a cada dia por conta das doenças. Escrava do vicio. Sem valor próprio. Sem autoestima. Só esperando a morte chegar pela doença, pelo suicídio, pelo ex ou pelos seus donos. “Ninguém sabia da minha dor, nada me consolava. Não tinha esperança de mudar de vida, isso era impossível aos olhos humanos, pois de alguma forma eu ia morrer”. 16 anos no inferno. Sua única perspectiva era ter uma morte injusta após uma vida toda de abusos.
Eu poderia encerrar o texto aqui. Muitas vidas realmente acabam somente assim: sofrimento e mais sofrimento, até que a morte chegue. Mas Edileuza tem muito mais para contar.
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Continua na próxima semana.