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Foto: Facebook. |
Você acredita em Deus? Se não, acho que a partir de agora você vai acreditar, pelo menos, que milagres podem acontecer.
“Tinha 25 anos quando uma vizinha me convidou para ir a um lugar que tinha uma pessoa que podia me salvar. Chorei. ‘Não tem mais jeito pra mim’. Mas ela insistiu, disse que lá havia um homem que me amava muito e me ajudaria a sair daquela situação. O que eu tinha a perder? Pior minha vida não podia ficar. Então fui. Era uma igreja evangélica. É impossível esquecer aquele dia. Era uma terça-feira às 10 da manhã. Um pastor orava para que os doentes fossem curados e os oprimidos libertos. Depois vi muitas pessoas dando depoimentos de que foram curadas, mostravam exames do antes e depois e várias outras coisas. Pensei ‘Se tudo isso é verdade tem que acontecer comigo também’.” E de fato aconteceu.
“Por conta do câncer quase não saia voz da minha boca. Eu falava chiando, bem baixinho. Durante a oração eu senti algo queimando na minha garganta. Tossi, pigarriei e senti sair algo dela, tinha gosto de sangue. Engoli, porque se cuspisse ia sujar o chão. Então comecei a falar normalmente! Eu ouvi minha voz! Estava curada do câncer. Fiquei tão feliz que passei o dia todo naquele lugar, só fui embora a noite quando a igreja estava fechando. Lá eu senti uma paz que nunca senti na vida. Naquele dia, depois de tanto sofrimento, eu conheci Deus de verdade. Uma pessoa que ninguém mais queria, que já tinha sido usada, maltratada, sem valor. Eu me achava a pessoa mais ruim do mundo, nada dava certo. Mas de repente nesse lugar tudo isso saiu. Minha vida mudou. Parei com a bebida e outros vícios, mudei minha mente e pensamentos”.
Impossível não chorar. Mas mesmo depois dessa mudança radical, as coisas não foram fáceis. Edileuza, dessa vez, teve que enfrentar outro tipo de perseguição. “Meu ex começou a me ameaçar dizendo que se eu continuasse indo nessa igreja me mataria. ‘Você vai dar pro Edir Macedo é? Antes de você dar pra ele eu vou te comer’, ele me falava. Capangas dos meus ex-donos vieram atrás de mim, eu me sentia perseguida onde quer que eu fosse. Todo dia era uma guerra pra fugir desse mundo da prostituição que tentava me ter de volta. Mas eu não desisti. Pedia força pra Deus, pedia misericórdia, mas eu não aceitei mais voltar a ser prostituta. Até a família me virou as costas, meu próprio pai. Eu batalhei todo santo dia para ganhar dinheiro honestamente e não precisar vender meu corpo. Fui empregada doméstica, vendi cachorro quente na rua, sorvete, roupa, bijuterias. Fiz de tudo para pagar as contas e manter meus filhos. Trabalhei duro, mas nunca mais voltei para aquela vida.”
Com o tempo as coisas foram acontecendo. “Hoje eu vivo bem financeiramente, tenho casa própria, empresa, carro. O melhor de tudo: sou realizada em meu casamento. Meu marido é uma benção na minha vida, nunca se importou com meu passado. Ele me ama, me dá carinho, cuida de mim, é o meu homem e eu sou a mulher dele. Ele me traz segurança, me apoia. Deus foi tão bom comigo que eu fui a primeira namorada dele! Perdoei meu pai e cada agressor. Eu durmo bem, vivo feliz, tenho paz. O passado ficou para trás, já não traz mais dor.”
Mas Edileuza não guarda toda essa transformação de vida só para si. Ela também é voluntária no “Projeto Raabe”, criad na igreja que frequenta, que dá orientação jurídica e psicológica para mulheres que são vítimas de violência física, verbal e sexual. No projeto, ela atua como conselheira, conta sua experiência e como saiu da vida destruída que tinha. Hoje ela pode ajudar mulheres que passam pelo que ela sofreu um dia e dizer que há uma saída. ”Não tem jeito se não tiver a ajuda de Deus é cadeia ou cemitério. Deus não muda só o lado de fora, mas o de dentro que é mais importante.”. A conversa está chegando ao fim. Os copos de refrigerante já estão vazios.
– Agora me diz: quem é a Edileuza hoje?
Ela chora. Ela ri. Lágrimas misturadas com um riso aliviado, gostoso.
– Hoje eu sou a pessoa mais feliz do mundo! Se eu pudesse falava isso pra todo mundo, todo dia. Independente do meu marido, filhos, empresa, igreja, voluntariado… independente disso tudo eu vivo rindo, cantando, eu vivo feliz. Porque eu vivo com Deus. Se eu estiver com Deus pode acontecer qualquer coisa, eu estou bem! Tudo se resume na fé. A fé é que leva a pessoa a mudar de vida, ela é quem capacita a pessoa para vencer. Se você quer mudar de vida, use a sua fé. Algo mais que você queira perguntar?
– Acho que não dona Edileuza. Para mim está perfeito!
Damos risada. Me levanto para abraça-la. Estou contente com o precioso material que tenho em mãos. Volto para casa pensando em tudo que ouvi. Como há homens maus. Como a vida parece ser injusta em alguns momentos. Tenho raiva. Quantas Edileuzas existem em nosso Brasil e no planeta? Quero mostrar a história dela para todos e denunciar as agressões que milhares de mulheres sofrem nas mãos da prostituição e da pedofilia. Como fazer isso? Mas algo me conforta. Os olhos de Deus estão atentos. Acho que podemos ser a mão d’Ele nesse mundo, fazendo a nossa parte. Denunciando agressores, resgatando pessoas, dando apoio, abrigo, ouvidos e atenção para vidas tão sofridas.
Ser uma vizinha amável que pode dar tudo que uma Edileuza mais precisa.
Leia agora a história completa.