
A Netflix, em período de quarentena no combate ao novo coronavírus, está sendo a válvula de escape de quem está em casa cuidando da saúde enquanto a pandemia não é amenizada. Nesse meio tempo, a plataforma lançou o filme “O Poço” que está gerando muitos comentários nas redes sociais e o principal deles: o que significa aquele final? Bom, reunimos algumas teorias e explicamos. Vem ver!
Goreng, o prisioneiro que propõe uma mudança na dinâmica da prisão, é o Messias. Trimagasi, o companheiro de cela de Goreng que o apresenta ao funcionamento da prisão vertical, é a lógica.
Imoguiri, a mulher com câncer, uma das companheiras de Goreng na prisão que, como o protagonista, também entrou ali por vontade própria é a empatia humana.
Baharat, a quem Goreng pede ajuda para descer de andar, é a fé. Miharu, mulher cuja grande angústia é não saber onde está sua filha, seria a justiça feita com as próprias mãos enquanto a a criança é a esperança limpa e pura, que pode ser encontrada no fundo do poço.
O Messias se sacrificou por todos e mostrou a esperança para quem era da administração, que, na interpretação literal, é Deus. Reparem que, no longa, tudo que vem de cima é e está perfeito, mas a maldade humana destrói conforme tudo desce .
A crítica social que o filme tenta nos passar é que depois que o Messias e o homem negro resolvem descer, eles encontram os pecados capitais: a preguiça (a mulher com travesseiro), a inveja/soberba (o cara com cabelo branco que fala que é merecedor só por estar num nível alto), a ira (no nível em que mataram a mulher chinesa), a luxúria (os caras pelados na piscina), a ganância (o velho que estava com o dinheiro), a gula (o garoto com síndrome de down falando que iria comer a comida que estava dentro da barriga do parceiro), até o materialismo (onde mostra um personagem com violino e não quer largar).
O filme pode nos passar diversas mensagens e isso é bem claro em diversas discussões que estão lotando as redes sociais. Uma delas é a de que, mesmo que o mundo tenha pessoas ruins, devemos continuar acreditando que há uma esperança, que no dia em que todos tiverem consciência e empatia, todos comeriam sem precisar prejudicar o próximo.
E também explora as diferenças sociais existentes num mundo tão desigual quanto o nosso. Afinal, quem está acima, pouco se importa com o que irá comer quem está abaixo até que alguém se revolta e decide dividir com quem mais precisa tudo o que tem.
Galder Gaztelu-Urrutia, diretor de O Poço, resolveu comentar em entrevista ao Digital Spy sobre o final do filme, que muita gente não está entendendo por simplesmente deixar uma mensagem no ar, e não ser objetivo a respeito do que realmente quis dizer.
“Certamente achamos que deve haver uma melhor distribuição da riqueza, mas o filme não é estritamente sobre o capitalismo. Pode haver uma crítica ao capitalismo desde o início, mas mostramos que, assim que Goreng e Baharat experimentam o socialismo para convencer os outros prisioneiros a compartilharem de boa vontade sua comida, eles acabam matando metade das pessoas que pretendem ajudar”, inicia.
“No final, o problema surge quando você tenta exigir a colaboração de todos, e você vê que não há grandes conquistas até o desfecho. Goreng faz o que ele se propôs a fazer ao trazer a panna cotta e a criança para o nível mais baixo. Mas ele não mudou de ideia sobre compartilhar a comida. Para mim, esse nível mais baixo não existe. Goreng está morto antes de ele chegar, e essa é apenas sua interpretação do que ele sentiu que tinha que fazer”, segue o diretor, sobre a luz que surge junto aos personagens no final, dando realmente essa perspectiva de morte.
E você, o que achou? “O Poço” está disponível na Netflix.
Por: Lucas Nascimento