Alerta: Texto que fala de negros em evidência. Se você for racista, cure-se.
Tenho 27 anos e lembro que desde o início da vida escolar não me enxergava como protagonista de minha própria vida. O que aprendi nos livros indicava uma predominância racial tão massificada, que era basicamente acostumar-se com todo aquele aparelhamento social e tocar a vida do jeito que ela se apresentasse para mim. Ser negro(a) nunca foi tarefa fácil, sobretudo no Brasil, o último país independente do continente americano a abolir completamente a escravatura em maio de 1888. Não vou fazer apanhado histórico, essa reparação não cabe a nós. O que nos cabe agora é construir uma nova dialética que vá de encontro ao anacronismo das instituições que ainda não se reconheceram usurpadoras de nossa história, enquanto povo, etnia, gente. O tempo inteiro fomos massa de manobra, servindo para contar a história dos outros. Parece que finalmente, chegou nossa vez!
Beyoncéveio destruindo no intervalo da final da SuperBowl deste ano, com o single FORMATION, que levantou grandes discussões tanto no cenário político quanto das mídias sociais sobre o racismo e seus desdobramentos na sociedade americana. PESQUISEM ISSO! Reclamavam por ela não se posicionar e agora reclamam por ela ter demorado a se posicionar. A sociedade nunca estará te dando nota 10, amiguinho. Se der fruto então, vai levar pedrada! Porém a #Pedrada de FORMATION ainda tá doendo em muita gente. Assistam esse clipe e depois corram para a Netflix e assistam o filme “O Mordomo da Casa Branca” e o Documentário “A 13ª Emenda”, nessa sequência. Se você não ficar de olhos marejados com tanta injustiça e discriminação, volte pro útero que te pariu porque né… só pode ter algo errado no seu DNA!Eu disse que não ia fazer apanhado histórico, mas preciso citar o Movimento Black Power, os Panteras Negras, Movimento Negro, BlackLivesMatter, os revolucionários Mandela, Luther King, Malcom X e todos os que se empenharam durante todos esses séculos para nos dar um espaço merecido e legítimo nas páginas do livro da vida e não da morte. Outros artistas da atualidade também deixaram suas marcas nessa questão de engajamento social, como o Aloe Blacc com o single “The Man”, Pharrell Williams com “Freedom” e Usher com “Chains“. Assistam! Quem imaginaria que numa América do Norte tão devastada pela escravidão, pelo racismo, pela manipulada “guerra às drogas”, pudéssemos ver tantos irmãosdespontando como sucesso no cenário da música internacional, com verdadeiros hinos de resistência e o mais louco, sem censura.
Hoje meu agradecimento em especial vai para um dos rappers mais criticados desse Brasil: Emicida. Nesse dia 05 de Dezembro de 2016, ele lança o Clipe Mandume, coisa de gente grande, literalmente. É de ficar arrepiada todas as vezes que você ouvir, porque você olha pra sua pele e percebe um valor que talvez tempos atrás não lhe foi ensinado, sabe? Você não foi “domesticado” ou “catequizado” a admirar e venerar. Mandume é atiradeira e pedrinha na cabeça dos gigantes que ainda se acham maiores que os negros. Os negros construíram a coisa toda, fazem a manutenção desse sistema capitalista de bens e serviços dia após dia, faça chuva ou faça sol, e ainda há quem tenha ousadia de achar que nós somos meros coadjuvantes desse Big Bang.
Esse clipe reúne uma porrada de negros, niggas, pretos, crioulos de um alto escalão: Emicida, Drik Barbosa, Rico Dalasam, Amiri, Raphão Alaafin e Muzzike, rappers brasileiros que engrossam o caldo quando a missão é passar a visão sobre #Resistência.
O clipe traz no cerne da questão, tal como #FORMATION, a representatividade e empoderamento negro. Tem mulher negra como protagonista, tem homem negro gordoprotagonista, tem gay protagonista, tem cabelo crespo e black power despontando e tirando onda com os playboys, tem a intolerância religiosa sendo colocada em xeque, tem histórias de reis negros que foram arrancadas dos nossos livros didáticos e tem cheiro de suor e de lágrima, uma mistura que a gente já conhece bem.
Hoje meu agradecimento em especial vai para um dos rappers mais criticados desse Brasil: Emicida. Nesse dia 05 de Dezembro de 2016, ele lança o Clipe Mandume, coisa de gente grande, literalmente. É de ficar arrepiada todas as vezes que você ouvir, porque você olha pra sua pele e percebe um valor que talvez tempos atrás não lhe foi ensinado, sabe? Você não foi “domesticado” ou “catequizado” a admirar e venerar. Mandume é atiradeira e pedrinha na cabeça dos gigantes que ainda se acham maiores que os negros. Os negros construíram a coisa toda, fazem a manutenção desse sistema capitalista de bens e serviços dia após dia, faça chuva ou faça sol, e ainda há quem tenha ousadia de achar que nós somos meros coadjuvantes desse Big Bang.
Esse clipe reúne uma porrada de negros, niggas, pretos, crioulos de um alto escalão: Emicida, Drik Barbosa, Rico Dalasam, Amiri, Raphão Alaafin e Muzzike, rappers brasileiros que engrossam o caldo quando a missão é passar a visão sobre #Resistência.
O clipe traz no cerne da questão, tal como #FORMATION, a representatividade e empoderamento negro. Tem mulher negra como protagonista, tem homem negro gordoprotagonista, tem gay protagonista, tem cabelo crespo e black power despontando e tirando onda com os playboys, tem a intolerância religiosa sendo colocada em xeque, tem histórias de reis negros que foram arrancadas dos nossos livros didáticos e tem cheiro de suor e de lágrima, uma mistura que a gente já conhece bem.
#MáximoRespeito para toda produção dessa obra de arte, vocês me fazem ter orgulho de preencher todo e qualquer questionário socioeconômico e marcar a opção NEGRA. Me reconheço, me valorizo, me refaço, porque pela luta e o não-silêncio de muitos, hoje eu posso gritar. Posso ser figurante se quiser, mas o papel principal se eu quiser já é meu! Em breve o nosso punho erguido vira emoticon do WhatsApp, haha.
Escrito por Denise Cassiane