Nesses poucos mais de três anos desde a estréia de “Minha Mãe É Uma Peça”, eu não conheço uma pessoa que consiga odiar o filme, a personagem ou a história. Virou um daqueles clássicos de Sessão da Tarde que pode repetir mil vezes, e mil vezes iremos assistir – e rir muito – novamente.
Dona Hermínia (Paulo Gustavo) é uma senhora, mãe de dois filhos adolescentes que aprontam poucas e boas com ela. Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier) são os xodós – e o pesadelo – de Hermínia, que é separada do marido e cria os dois filhos sozinha, já que o seu mais velho, Garibe, já é casado e mora em Brasília.
O primeiro filme é extremamente engraçado. Algumas de suas cenas, além de memes, são a inspiração para atormentar as mães nas redes sociais. Afinal, quem não se lembra da cena em que Hermínia busca Marcelina na balada de pijama ou quando ela diz que “vai desencarnar” pra “dar uma coça” em uma das moradoras de seu condomínio e na pomba gira dela?
Na sequência, a mãe desbocada ganha um programa de televisão para falar sobre suas experiências sobre “ser mãe”, que, segundo ela, é uma profissão – e cansativa. E haja experiência: Hermínia agora irá ter dois jovens adultos em casa. Juliano acabou de se formar em direito e Marcelina está em busca de sua vida como atriz.
As trapalhadas continuam as mesmas. Agora Juliano se descobre bissexual e Marcelina, depois de ser muito xingada pela mãe, consegue um papel numa importante companhia de teatro, decide se mudar para São Paulo e leva Juliano junto. É quando Hermínia se vê num beco sem saída: ela não sabe administrar os filhos em casa, mas também não sabe conviver com a saudade. Pra variar, a irmã mais velha – e desbocada -, que mora há muitos anos em Nova York, volta para atormentá-la.
Uma das sequências mais engraçadas no longa, é quando Juliano contrata uma prostituta, leva pra casa e Hermínia, mesmo à base de calmantes, acorda e pega os dois aos beijos na cozinha. Ela conta para a garota que o filho é gay e a expulsa de casa. Na cena seguinte ela aparece num restaurante com Juliano e o pai, Carlos Alberto (Herson Capri), e diz que prefere que o rapaz continue levando homens para casa, porque assim ela “não precisaria ter nora” e porque “ela já está acostumada”.
A trama trata da homossexualidade e da bissexualidade numa comédia sensível, que mostra o que, de fato, muitas famílias sem instrução vivem Brasil afora. “Minha Mãe É Uma Peça” fora alguns exageros, consegue colocar na tela o que cada uma das nossas mães são em casa.
As cenas mais sensíveis do longa, na minha opinião: 1) quando Paulo Gustavo interpreta ao lado de seu marido, Thales Bretas. Ao entrar no avião para fazer a ponte Rio-SP para visitar os filhos, Hermínia se senta ao lado do rapaz, faz algumas perguntas e diz que “ele seria o homem que tanto queria ver com o filho e que se eles se conhecessem, talvez, ele se decidisse”. 2) a morte da tia Zélia (Suely Franco), uma das principais chaves da história no primeiro filme.
Agora sozinha, sem os filhos, famosa e cheia da grana, Dona Hermínia passa a viver aventuras suas. Tem de volta a liberdade que os anos dedicados aos filhos lhe tomou. E cá entre nós, toda mãe precisa disso.
Ufa, já falei demais, né? Minha Mãe É Uma Peça 2 estreia dia 22 de dezembro. Leve a mamãe. É diversão garantida.
Confira o trailer