
O cantor mineiro Gui Hargreaves lançou recentemente seu mais novo álbum de estúdio chamado “Volta”. O rapaz, que se inspirou viajando o mundo, concedeu entrevista exclusiva ao Compartilhe. #Conheça.
A história de “Volta”, segundo trabalho de Gui Hargreaves, mostra todas as voltas que o mundo dá para que o que é verdadeiro se realize, para que haja o encontro de pessoas afins, para que a arte se materialize. E o som do trabalho traduz isso em todas as cores sonoras que compõem o arco-íris de uma música que une artistas e influências dos mais diversos possíveis. O resultado são seis composições palatáveis como água fresca no calor.
Em 2017, o mineiro Gui Hargreaves realizava temporada de shows na Itália, por influência de sua mentora vocal, a italiana Francesca Della Monica, quando ao final de uma apresentação um inglês de nome Howard Turner foi falar com ele, dizer que tinha gostado muito, tanto que comprou 10 CDs para levar para amigos e deu um cartão para que o procurasse caso estendesse a turnê para a Inglaterra. Guarde o nome. Gui pegou o cartão e viu que ele era jardineiro.
A temporada européia o levou justamente à Inglaterra e ele ligou para Howard. Este estava indo viajar e passou contato de seu auxiliar, “que também é músico como nós”. Howard se aposentara como saxofonista havia 10 anos, após desilusão amorosa.
Veja a entrevista!
Lucas: Você passou um tempo fora do Brasil, inclusive a capa do teu álbum é uma foto tirada por um amigo em Londres. Quais as referências internacionais que você trouxe para o trabalho e o que pretende trazer de novo à música brasileira?
Gui: Eu passei o ano inteiro fora, tocando em diversos lugares. Quando tive a oportunidade de gravar esse disco na Inglaterra, foi um prazer trabalhar com músicos e pessoas com experiências musicais completamente diversas umas das outras, e das minhas.
Com isso, as referências internacionais que eu trouxe com esse disco é a bagagem de cada um que esteve comigo em estúdio, que fizeram parte da construção do disco. As referências são a bagagem de um jazz experimental dos anos 80 do Hoawrd, a bagagem erudita e de orquestra, de percussionista de trilha de cinema e de rock progressivo, que é a experiência do Ed Skull.
Lucas: Você acha que o MPB no Brasil perdeu a identidade?
Gui: Não. Acho que a MPB, nas últimas décadas, ganhou muitas referências, propostas, dinâmicas e frentes. Eu não acho que perdeu, acho que ganhou tantas coisas que não tem mais uma forma específica. Ela é um nome que reúne muitas coisas e talvez não sirva mais para caracterizar música popular brasileira como um gênero, porque ela engloba hoje muitos gêneros e estilos, igualmente relevantes.
Lucas: Quais são as suas maiores inspirações musicais?
Gui: Acho muito difícil falar de referências e inspirações no geral, prefiro fazer um corte relativo a esse trabalho. As referências que dialogam mais com esse disco são de um novo folk, que tem a ver muito com Devendra Banhart, Amarante, que puxa também para MPB. Tem um
pouco do disco Transa, do Caetano, que foi concebido em Londres também. Tenho um pouco de referências de um jazz brasileiro, tem uma pegada do folk pop que vão pro lado de Kings of Convenience e Jose Gonzalez.
Lucas: Tem algum sonho? Com quem você mais gostaria de fazer uma parceria musical?
Gui: Tenho sonho de ter um público, de ter uma carreira no sentido de poder viver das músicas que eu escrevo e acredito. Apesar de ter gravado esse disco em Londres, meu sonho se realiza fazendo música. É importante pra mim cantar em português no Brasil e pro Brasil.
Lucas: Já tem turnê planejada no Brasil? Se sim, quando começa e o que pode adiantar dos shows?
Gui: Estou planejando uma turnê com shows em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, além de algumas cidades do interior. Em BH já temos uma data fechada, dia 18 de novembro. Quero muito rodar o país e fazer circular essa música ao vivo.