
A aclamada série Black Mirror estreou sua quarta temporada na Netflix no último dia 29, pertinho da virada de ano. Os fãs mais ávidos da série não se preocuparam de maratonar e “desgraçarem a cabeça”, como dizem por aí sobre suas tramas.
Com apenas seis episódios, Black Mirror, desta vez, deixou a gente muito mais confuso que impactado. A nova leva de capítulos não cumpriu o requisito e trouxe a temporada mais fraca até então. Porém, ela traz um diferencial: todos os novos episódios são protagonizados ou têm mulheres como estopim de acontecimentos.
Veja abaixo na ordem do melhor para o pior, um resumo da nova temporada (sem spoilers)
Hang the DJ
É o capítulo romântico da temporada, tentando repetir o feito do premiado San Junipero. Na história casais dão match em um aplicativo igualzinho ao Tinder. Porém, o app decide absolutamente tudo na relação: quando começa e quando deve terminar, até que encontre o par ideal. Com a promessa de 99,8% de chance de acertar, os casais são jogados relação a relação até que encontrem seu “par perfeito”.
É o melhor, na nossa opinião, da nova leva de episódios da série. Porque, além de criticar a superficialidade dos relacionamentos atuais baseados em “match” em aplicativos, tem o final mais surpreendente e inesperado de todos.
Black Museum
Um museu com artefatos de criminosos é atração no meio do deserto. O criador conta aos visitantes a história de cada um dos itens que estão em exposição. Uma jovem visita o museu e durante o tour, uma grande verdade é revelada.
A sucessora de White Bear (epísodio da segunda temporada), esse capítulo é uma grande homenagem ao legado de Black Mirror e deve ser assistido por último. O roteiro do criador Charlie Brooker conseguiu pegar os pontos fortes de tudo aquilo que já foi visto em quatro temporadas, porque ele faz um passeio por tecnologias já mostradas ao longo da série e tem uma reviravolta digna e que fez a série ter o sucesso que alcançou.
Arkangel
Uma mãe super protetora coloca um chip na cabeça da filha, que a permite acompanhar cada passo, o que vê, ouve, os sentimentos e até a saúde do corpo. Porém, conforme a criança vai crescendo essa invasão na privacidade causa sérios problemas.
Tinha tudo para ser o melhor da temporada. A série traz novamente uma referência ao possível, e futuro, controle da mente e tem uma trama que prende o telespectador, mas o final confuso deixa a desejar.
USS Callister
O co-fundador e diretor de uma empresa de games não é respeitado na própria companhia. Fã de Star Trek, cria uma versão do seu jogo, apenas para si, e coloca lá, para se vingar e se sentir respeitado, mesmo que no mundo virtual, todos os seus desafetos totalmente conscientes.
Outra vez uma referência à inteligência artificial em Black Mirror, e que foi apontado, por algumas críticas, como o melhor da temporada, não deixou claro o real objetivo do episódio. O objetivo de criticar o comportamento humano, a necessidade de auto-afirmação e ao bullying é nítido, mas faltou o algo a mais. Mas, isso pode ser resolvido em breve. O diretor do episódio Toby Haynes, em entrevista ao Hollywood Reporter disse que tem vontade de fazer uma série autônoma a partir de USS Callister.
“Estava conversando com Louise Sutton, que produziu o episódio e “Metalhead”, e ela teve a brilhante ideia de fazer um spin-off para uma série de TV. Eu adoraria fazer uma série de “USS Callister”. É provavelmente um dos melhores pilotos de série espacial da história. E foi eu que fiz! Acho que Charlie Brooker, (criador da série) pode querer trazer de volta em Black Mirror. Mas se vou comandar, não sei. Sendo um grande fã da série, e tendo trabalhado com a equipe, adoraria fazer isso novamente. É um grande presente para mim como diretor”.
Crocodilo
Uma mulher esconde um terrível segredo, até que uma máquina que revela lembranças se torna uma ameaça e ela passa a agir por impulso.
Black Mirror gosta de mostrar que no futuro seremos controlados por nossa mente. Essa temporada abusou disso e, por isso, o episódio é o mais violento da nova leva. Ele critica até onde o ser humano pode chegar quando é confrontado com algumas verdades. Porém, o final, embora não seja confuso, abre perguntas do tipo: “tá, como que isso pôde acontecer?”. É tenso e angustiante, por isso vale assistir.
Metalhead
Criaturas metálicas são programadas para matar qualquer um que invadam seu espaço.
O mais pobre, confuso, curto e bizarro episódio da temporada termina sem que o telespectador entenda nada. Ele vale pela intensidade que carrega, porque conseguimos sentir e entrar na pele da personagem que foge das criaturas desesperadamente. Gravado totalmente em preto e branco, ele aumenta ainda mais o nível de confusão: não sabemos o que são as criaturas, porque estão ali e porque perseguem tão implacavelmente para matar.
Agora, assista e tire suas próprias conclusões 😉