
Nos últimos dias, as redes sociais entraram em polvorosa após viralizar o tweet do ator Kevin McHale, que acusou o atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, de censura ao descobrir que o longa “Boy Erased: Uma Verdade Anulada” teria a exibição suspensa no Brasil. Mas, na tarde desta quinta, 14, a Universal revelou que o filme será lançado SIM no Brasil… mas em DVD.
A polêmica gerou uma repercussão gigantesca e o próprio Bolsonaro decidiu confrontar o ator dizendo que “teria mais o que fazer”. O filme fracassou em bilheterias dos cinemas no exterior, e não foi indicado ao Oscar, uma das pretensões de seus produtores.
Então, em nota, segundo a Universal Pictures Brasil, a decisão de não lançar o filme, foi meramente econômica. “Gastaríamos mais em divulgação e distribuição de que em bilheteria, o que não compensaria a exibição em cinemas”.
And so it begins, @BoyErased was just banned in Brazil. Bolsonaro is dangerous and a threat to the LGBTQ+ community in Brazil. Censoring a movie about the dangers of conversion therapy is just the beginning.
— Kevin McHale (@druidDUDE) 2 de fevereiro de 2019
Apesar da nota, dizendo que o filme não estava censurado, o ator não voltou atrás. Em uma série de mais quatro postagens sobre o assunto, ele insiste que quando acontece censura, ela geralmente não é admitida e levantou dúvidas sobre as explicações da Universal.
McHale também afirmou que Bolsonaro não precisava mandar censurar o filme pessoalmente, mas que o ambiente que ele havia criado no país com sua eleição incentivava este tipo de coisa.
Dirigido por Joel Edgerton (que também atua no projeto), Boy Erased acompanha um jovem obrigado, por seus pais religiosos, a frequentar um curso de conversão por ser homossexual — ou seja, buscar “uma cura gay“.
Após todo esse auê, a Universal divulgou que o filme será lançado, no formato de DVD, no dia 17 de abril. Então, é essa a hora de mostrar que filme tinha o potencial de bombar no Brasil sim, senhores!
A comunidade LGBTQI+ precisa aquecer produtos voltados à comunidade
A comunidade LGBTQI+ fez bastante barulho na internet após o caso de suposta censura do filme, mas, será que quem brigou pelo lançamento do filme costuma ir aos cinemas, ou até mesmo consumir arte voltada à questões da própria comunidade?
De acordo com o estudante de roteiro, Lucas Lima, não. “Os LGBTQ+ esquecem que a militância deve sair do sofá, da internet e dominar as ruas. Não adianta brigar pela Universal lançar o filme nos cinemas, se não irão vê-lo”, comenta.
Na música, com a presença das drag queens cantoras, como Pabllo Vittar e na TV, como o reality Ru Paul’s Drag Race, por exemplo, já há uma demanda de audiência, mas ainda não é o suficiente. “Antes de cobrar, os LGBTs precisam se unir, e além disso, consumir os produtos destinados a eles — e obviamente também, ao público em geral”, finaliza.